August
“Auggie” Pullmann nasceu com uma rara doença que fez com que seu rosto ficasse
deformado e precisou passar por 27 cirurgias em sua breve vida para corrigir
alguns aspectos, mas ainda assim sua aparência gera curiosidade e desconforto.
Auggie foi criado cercado pelo amor de sua família, onde fora alfabetizado por
sua mãe Isabel Pullman (Julia Roberts, que dispensa apresentações) e poucas
vezes saía de casa e quando o fazia, usava seu capacete da NASA que ganhara de
presente e utilizava para evitar atrair olhares.
“Extraordinário” aborda temas sensíveis como o bullying,
mas não se deixa enveredar pelo peso do assunto. Auggie é interpretado por
Jacob Tramblay (o queridinho ator mirim de Hollywood que assombrou o mundo por
sua interpretação em “O quarto de Jack”) que o desenvolve com bravura e talento
inquestionável. Aliás, não há um resquício sequer de Jack em Auggie.
A
química entre Jacob e Julia é perfeita. Ela sabe transmitir emoção na medida
quando toma a decisão de enviar seu filho aos 10 anos pela primeira vez para
uma escola, por acreditar que ele deve interagir com o mundo. Sofremos junto
com essa mãe no portão da escola, apreensiva e temerosa de que seu filho se
machuque.
A irmã de Auggie, Olivia “Via” (Izabela Vidovic) é uma
adolescente esquecida pelos pais por conta da condição do irmão, mas que não
desenvolve aquele papel caricato que a idade empresta ao cinema, apresentando
“aborrecentes” carentes de atenção. Assim como em seu filme “As vantagens de
ser invisível”, Chbosky acerta na narrativa e na escolha do elenco, a exceção é
Owen Wilson, interpretando Nate, pai do protagonista, que se esforça muito, mas
nunca foi dos mais brilhantes. Menção
honrosa à Sonia Braga que faz pequena participação em um diálogo marcante com
sua neta, Via.
O filme é apresentado em forma de capítulos, em narrativa
não-linear, tendo cada um o nome de um personagem, tal qual no livro e neste
formato somos brindados com a com a história sendo contada em cada momento sob
a ótica de cada um, transmitindo emoções diferentes de um mesmo acontecimento.
De
modo geral, “Extraordinário” é um filme good vibe, em que o
expectador irá se sentir bem. Mesmo nas partes mais dolorosas em que o bullying e
o sofrimento ficam mais evidentes, somos agraciados com o encanto do
protagonista e nos compadecemos de seu pesar. As piadas são leves,
bem-humoradas e com sacadas ótimas, como aquelas em que envolvem o universo de
Star Wars, tema recorrente ao qual o nosso pequeno herói é apaixonado. Não tem
como não se emocionar quando Auggie afirma de todo coração que gosta mais de Halloween do
que do Natal porque ele pode usar uma máscara e andar de cabeça erguida
brincando e se divertindo sem que seja alvo de olhares, ou quando aflora sua
amizade com Jack Will, nos cativando com a pureza da amizade entre crianças.
É claro que existe um tantinho de clichê, afinal filmes com o
desejo de transmitir uma boa mensagem são assim mesmo, mas o recado final é de
que existe bondade e maldade em qualquer idade e emprestando a frase do
livro/filme reitero: “Quando tiver que escolher entre estar
certo e ser gentil, escolha ser gentil”
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