domingo, 5 de fevereiro de 2017

Relações desarmônicas

AMENSALISMO

As comunidades são formadas por diferentes populações que interagem entre si. Quando a interação ocorre entre indivíduos da mesma espécie são denominadas relações intraespecíficas, entretanto quando a relação ocorre entre diferentes espécies, essas são relações interespecíficas. Quando nessas relações há vantagem mútua para os indivíduos da associação, essa chama-se relação harmônica. No contrário, quando ambos ou apenas um indivíduo é prejudicado, chamamos a relação de desarmônica. Abaixo seguem as principais relações desarmônicas.

O amensalismo é uma relação intraespecífica na qual um ser vivo produz e libera uma substância que prejudica o crescimento da outra. O exemplo mais clássico é o que ocorre com os antibióticos, como a penicilina sintetizada pelo fungo Penicillium notatum. Há ainda outros exemplos, como quando ocorre a maré vermelha, onde há uma intensa proliferação das algas vermelhas que liberam uma substância tóxica para muitos animais marinhos, como ocorre com certas raízes que liberam substâncias que impedem o crescimento de outras plantas ao redor, dentre outros.

PREDATISMO

Predatismo: camaleão captura inseto. (Foto: G1)Predatismo: camaleão captura inseto. (Foto: G1)
Essa relação se estabelece quando animais de nível trófico acima, denominados predadores, capturam, matam e se alimentam de animais de um nível trófico abaixo, denominados presas. O predatismo ocorre com quase todos os carnívoros, como leão, lobo, onça, dentre outros. Assim, nessa relação de participação diretamente do controle populacional, como da população de predadores pode equilibrar a população de presas e vice-versa, como mostrado no gráfico abaixo. Entretanto, um desequilíbrio ambiental pode afetar um aumento ou diminuição de uma dessas populações.
Gráfico sobre controle populacional (Foto: Reprodução)Gráfico sobre controle populacional (Foto: Reprodução)

PARASITISMO

Nessa relação apenas um ser vivo é beneficiado e o outro é prejudicado. Esta relação ecológica ocorre entre indivíduos de espécies diferentes, sendo que uma delas, denominada parasita, habita o interior (denominados endoparasitas, como por exemplo, o protozoário Trypanosoma cruziagente etiológico da doença de Chagas) ou exterior (denominados ectoparasitas, como por exemplo, o piolho) de outra espécie, denominada hospedeiro. O parasita alimenta-se de seu hospedeiro e as consequências dessa relação pode ocasionar a morte do hospedeiro.

O nematódeo Ascaris lumbricoides, conhecido popularmente como lombriga, instala se no hospedeiro, como por exemplo, o homem, provocando doenças de má nutrição, podendo levar indiretamente à morte do individuo.
Vespa Cotesia flavipes atacando uma lagarta. (Foto: Agência Embrapa)Vespa Cotesia flavipes atacando uma lagarta. (Foto: Agência Embrapa)
As relações parasitárias também acontecem na flora brasileira como ocorre com o cipó-chumbo que não possui clorofila, dessa forma não realiza fotossíntese, não conseguindo produzir seu próprio alimento. Entretanto, apresentam finas raízes, denominadas haustórios, que penetram nos vasos liberianos da planta hospedeira, obtendo seu alimento.

Os parasitas são comumente utilizados no controle biológico de pragas uma vez que os parasitas são específicos quanto ao seu hospedeiro, instando-se em uma ou algumas poucas espécies. A vespa Cotesia flavipes é parasita da fase larval da lagarta da broca da cana-de-açúcar, matando a mesma antes que cause dano na agricultura. 

COMPETIÇÃO

A competição interespecífica ocorre quando duas populações de espécies distintas, mas que possuem o mesmo nicho ecológico ou semelhante, disputam pelo mesmo recurso. Essa relação pode controlar a densidade das duas populações, entretanto um desequilíbrio ecológico pode ocasionar a extinção de uma das espécies. Esse é o princípio da exclusão competitiva ou princípio de Gause, no qual duas espécies podem ocupar o mesmo hábitat, mas não o mesmo nicho por muito tempo, pois haverá a exclusão de uma delas. Tal princípio foi obtido após os experimentos de Gause utilizando duas espécies do protozoário paramécio: Paramecium aurelia Paramecium caudatum.
Gráfico com população de paramécios (Foto: Professor.bio.com.br)Gráfico com população de paramécios (Foto: Professor.bio.com.br)
Outro exemplo de competição interespecífica é o caso do peixe piloto e o tubarão. Tais espécies ocupam o mesmo nicho ecológico, mas nesse caso, a relação entre eles não prejudica nenhum deles. O peixe piloto desloca-se ao lado do tubarão, alimentando-se de restos deixados por esse devorador voraz.

Além da competição interespecífica, há ainda a intraespecífica, onde os indivíduos estão constantemente competindo pelos mesmo recursos, como por exemplo, a competição pelo néctar de uma flor entre beija-flores. Tal relação ecológica está muito relacionada às mudanças evolutivas e ao equilíbrio populacional de uma comunidade.

EXERCÍCIOS

(Unifesp-2003) A raflésia é uma planta asiática que não possui clorofila e apresenta a maior flor conhecida, chegando a 1,5 metro de diâmetro. O caule e a raiz, no entanto, são muito pequenos e ficam ocultos no interior de outra planta em que a raflésia se instala, absorvendo a água e os nutrientes de que necessita. Quando suas flores se abrem, exalam um forte odor de carne em decomposição, que atrai muitas moscas em busca de alimento. As moscas, ao detectarem o engano, saem da flor, mas logo pousam em outra, transportando e depositando no estigma desta os grãos de pólen trazidos da primeira flor. O texto descreve duas interações biológicas e um processo, que podem ser identificados, respectivamente como:

a) Inquilinismo, mutualismo e polinização.
b) Inquilinismo, comensalismo e fecundação.
c) Parasitismo, mutualismo e polinização.
d) Parasitismo, comensalismo e fecundação.
e) Parasitismo, comensalismo e polinização.

Gabarito
Letra E. A raflésia estabelece com a outra planta uma relação de parasitismo com intuito de absorver água e nutrientes da mesma para seu crescimento. A atração das moscas pelo forte odor exalado pela raflésia mantém uma relação de comensalismo com a flor, pois nenhuma das duas espécies se prejudica, mas apenas a raflésia se beneficia, facilitando a polinização e dispersão de suas sementes.

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