terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Canárias


EspanhaCanárias
Canarias
Canarias
 
  Comunidade autónoma  
Símbolos
Bandeira de Canárias
Bandeira
Brasão de armas de Canárias
Brasão de armas
HinoArrorró
Gentílicocanário, -a
Localização
Canary Islands, Spain (orthographic projection).png
Administração
CapitalSanta Cruz de Tenerife e Las Palmas de Gran Canaria (status compartilhado)[1][2]
PresidenteFernando Clavijo Batlle (CC)
Características geográficas
Área total7 446 95 § km²
População total (2012)2 218 344[3]  hab.
Densidade284,46 hab./km²
Outras informações
ProvínciasLas PalmasSanta Cruz de Tenerife
Idioma oficialCastelhano
Estatuto de autonomia16 de Agosto de 1982
ISO 3166-2ES-CN
Congresso
Senado
15 ¹ assentos
14 ² assentos
WebsiteGoverno das Canárias
§ 1,5% da área total de Espanha
 4,51% da população total de Espanha

¹ 8 de Las Palmas e 7 de Santa Cruz de Tenerife
² 1 de eleição directa, 3 por Tenerife, 3 por Gran Canaria, 1 por cada uma das restantes ilhas; e 2 de eleição indirecta pela comunidade
As Ilhas Canárias são um arquipélago espanhol no Oceano Atlântico, ao lado de Marrocos, constituindo uma Região Autónoma do Reino da Espanha. É também uma das oito regiões com uma consideração especial da Nacionalidade histórica reconhecidas como tal pelo Governo espanhol.[4][5] A área é de 7 447 km², sendo assim a décima-terceira Comunidade espanhola em área, a população em 2003 era de 1 843 755 e em 2005 já quase 2 000 000. A densidade demográfica é de 247,58 hab/km².
As ilhas Canárias são o território mais próximo do arquipélago português da Madeira, com esta compartilhando a região da Macaronésia, junto ainda dos Açores e de Cabo Verde. O arquipélago das Ilhas Canárias é o maior e mais populoso da região da Macaronésia.[6] As suas capitais são Santa Cruz de Tenerife e Las Palmas de Gran Canaria.[1][2]

O arquipélago das Canárias[editar | editar código-fonte]

Mapa do arquipélago das Canárias.
O arquipélago das Canárias é constituído por sete ilhas principais, divididas em duas províncias e várias pequenas ilhas e ilhéus costeiros:
Há ainda um conjunto de pequenos ilhéus costeiros, penedos e ilhotas (Anaga, Salmor, Garachico).

História[editar | editar código-fonte]

Parlamento das Ilhas Canárias (Santa Cruz de Tenerife)
Antes da chegada dos aborígines, as ilhas Canárias foram habitadas por animais endêmicos, como alguns extintos; lagartos gigantes (Gallotia goliath), ratos gigantes (Canariomys bravoi e Canariomys tamarani)[7] e tartarugas gigantes (Geochelone burchardi e Geochelone vulcanica),[8] entre outros.
As ilhas Canárias são conhecidas desde a Antiguidade: existem relatos fidedignos e vestígios arqueológicos da presença cartaginesa na ilha. Foram descritas no período greco-romano a partir da obra de Juba IIrei da Numídia, que as mandou reconhecer e que, afirma-se, por nelas ter encontrado grande números de cães, deu-lhes o nome de "Canárias" ("ilhas dos cães"). São referidas por autores posteriores como "Ilhas Afortunadas".
Depois de um período de isolamento, resultado da crise e queda do Império Romano do Ocidente, e das invasões dos povos bárbaros, as ilhas foram redescobertas e novamente visitadas com regularidade por embarcações europeias a partir de meados do século XIII.
A sua redescoberta é reivindicada por Portugal em período anterior a Agosto de 1336. A sua posse, entretanto, foi atribuída ao reino de Castela pelo Papa Clemente VI, o que suscitou um protesto diplomático de Afonso IV de Portugal, por carta de 12 de Fevereiro de 1345 [9]:
"Ao Santíssimo Padre e Senhor Clemente pela Divina Providência Sumo Pontífice da Sacrossanta e Universal Igreja, Afonso rei de Portugal e do Algarve, humilde e devoto filho Vosso, com a devida reverência e devotamento beijo os beatos pés. (...)
Respondendo pois à dita carta o que nos ocorreu, diremos reverentemente, por sua ordem, que os nossos naturais foram os primeiros que acharam as mencionadas Ilhas [Afortunadas].
E nós, atendendo a que as referidas ilhas estavam mais perto de nós do que qualquer outro Príncipe e a que por nós podiam mais comodamente subjugar-se, dirigimos para ali os olhos do nosso entendimento, e desejando pôr em execução o nosso intento mandámos lá as nossas gentes e algumas naus para explorar a qualidade daquela terra.
Abordando às ditas Ilhas se apoderaram, por força, de homens, animais e outras coisas e as trouxeram com muito prazer aos nossos reinos.
Porém, quando cuidávamos em mandar uma armada para conquistar as referidas Ilhas, com grande número de cavaleiros e peões, impediu o nosso propósito a guerra que se ateou primeiro entre nós e El-rei de Castela e depois entre nós e os reis Sarracenos. (...)"
Nos séculos seguintes, com o apoio da Coroa castelhana, organizaram-se várias expedições comerciais em busca de escravos, peles e tinta. Porém, em 1435, o Papa Eugênio IV emitiu a Bula Sicut Ducum, a qual ordenou a libertação dos escravos[10].
Em 1402, iniciou-se a conquista destas ilhas com a expedição a Lançarote dos Normandos Jean de Bethencourt e Gadifer de la Salle, mas prestando vassalagem aos reis de Castela e com o apoio da Santa Sé. Devido à localização geográfica, à falta de interesse comercial e à resistência dos Guanches ao invasor, a conquista só foi concluída em 1496 quando os últimos Guanches em Tenerife se renderam.
A conquista das Canárias foi a antecedente da conquista do Novo Mundo, baseada na destruição quase completa da cultura indígena, rápida assimilação do cristianismo, miscigenação genética dos nativos e dos colonizadores.
Uma vez concluída a conquista das ilhas, estas passam a depender do reino de Castela, impondo-se um novo modelo económico baseado na monocultura (primeiro, a cana-de-açúcar e, posteriormente, o vinho, tendo grande importância o comércio com Inglaterra). Foi nesta época que se constituíram as primeiras instituições e órgãos de governo (cabildos e concelhos).
As Canárias converteram-se em ponto de escala nas rotas comerciais com a América e África (o porto de Santa Cruz de La Palma chegou a ser um dos pontos mais importantes do Império Espanhol), o que trouxe grande prosperidade a determinados sectores da sociedade, mas as crises da monocultura no século XVIII e a independência das colónias americanas no século XIX provocaram graves recessões.
No século XIX e na primeira metade do século XX, a razão das crises económicas foi a emigração, cujo destino principal era o continente americano.
No início do século XX, foi introduzida, nas ilhas Canárias, pelos ingleses, uma nova monocultura: a banana, cuja exportação será controlada por companhias comerciais como a Fyffes.
A rivalidade entre as elites das cidades de Santa Cruz e Las Palmas pela condição de capital das ilhas fez com que, em 1927, se tomasse a decisão da divisão do arquipélago em províncias. Actualmente, a capital está dividida entre essas duas cidades.

Povoamento das Canárias[editar | editar código-fonte]

Representação de um povoado guanche antes da colonização espanhola.
As Ilhas Canárias já eram povoadas pelos guanches, antes da chegada dos espanhóis no século XV. A conquista do arquipélago se deu de forma violenta, vez que os guanches resistiram e lutaram de forma impetuosa contra a ocupação espanhola. Uma vez dominados, os nativos foram escravizados em larga escala para custear os gastos com as expedições militares. Em retaliação, os rebeldes, sobretudo os homens, foram massacrados e deportados das ilhas pelos espanhóis.[11]
Por muito tempo, a origem dos guanches permaneceu um mistério. Porém, desde o início da colonização, já existia evidência de que eles eram originários das populações berberes do Norte da África, vez que as línguas e as tradições guanches se assemelhavam a de seus vizinhos do continente africano. Recentes pesquisas genéticas comprovam a origem berbere norte-africana dos nativos canários. Todavia, continua a dúvida sobre de que maneira os guanches chegaram às ilhas, pois só poderia ter sido por via marítima, vez que o arquipélago nunca foi conectado à África por via terrestre. Porém, quando os espanhóis chegaram às ilhas, os guanches não dominavam a técnica naval. Portanto, existem duas hipóteses: eles chegaram sozinhos por via marítima e depois esqueceram suas habilidades de navegação ou eles foram levados para as ilhas por algum outro povo que dominava a técnica naval.[11]
Mesmo com a escravização e o massacre em massa da população nativa, pesquisas genéticas mostram que os atuais habitantes das Ilhas Canárias descendem, em parte, dos guanches. 41,8% das linhagens maternas dos canários atuais tem origem guanche, 55,4% ibérica e 2,8% africana subsaariana (resultado do tráfico de escravos negros durante a colonização). Por outro lado, no lado paterno, apenas 16,1% das linhagens são guanches e 83% são ibéricas e 0,9% africanas subsaarianas. Isso mostra que houve uma miscigenação preferencial entre homens europeus e mulheres nativas.[11]

Economia[editar | editar código-fonte]

A economia é baseada no sector terciário (74,6%), principalmente turismo que tem proporcionado o desenvolvimento da construção civil, sendo a origem dos turistas: espanhóis (30%), alemães, britânicos, suecos, franceses, russos, austríacos, neerlandeses, portugueses e de outras nacionalidades européias.
Maspalomas. As Canárias são um destino turístico importante na Europa.
indústria é escassa, basicamente agroalimentária, de tabaco e de refinação de Petróleo (A refinaria de petróleo de Tenerife é a maior de Espanha). Depois da ocupação do Saara Ocidental por Marrocos, as indústrias de conserva e de salga de pescado desapareceram.
Só esta cultivado 10% do solo sendo a maioria de secano (cevada e trigo), e de regadio uma minoria (tomatesbananas e tabaco), orientados para o comércio com o resto da Espanha e da União Europeia. Também se iniciou a exportação de frutas tropicais (abacate e manga) e flores. A pecuária, principalmente a caprina e a bovina, tem sofrido um importante retrocesso nas últimas décadas.

Estatísticas do turismo[editar | editar código-fonte]

Número de turistas que visitaram as Ilhas Canárias em 2016, por ilha de destino (em milhares):[12]

Religião[editar | editar código-fonte]

Basílica de Nossa Senhora da Candelária, padroeira das Ilhas Canárias.
Como ocorre no resto da Espanha, a sociedade da Ilhas Canárias é predominantemente cristã,[13] principalmente católica.[14] A religião católica tem sido desde a conquista do arquipélago das Canárias a religião majoritária (por mais de cinco séculos atrás). Nas Ilhas Canárias nasceram duas grandes santos católicos: Pedro de Betancur[15] e José de Anchieta.[16] Ambos nascidos na ilha de Tenerife, foram, respectivamente, missionários na Guatemala e no Brasil.
Contudo, o aumento dos fluxos migratórios (turismo, imigração, etc.) estão a aumentar o número de seguidores de outras religiões se reúnem nas ilhas, como muçulmanosprotestantes e praticantes do hinduísmo[17]. Religiões minoritárias significativamente importantes nas Ilhas Canárias são religiões afro-americanasReligião tradicional chinesabudistaJudaísmo e da Fé Bahá'í.[17] Também existe em uma forma de arquipélago nativo neo-paganismo, a Igreja do Povo Guanche.[17]

Festividades[editar | editar código-fonte]

A Dança dos Anões é um dos mais importantes atos das Festas Lustrais da Bajada de Virgen de las Nieves em Santa Cruz de La Palma.
Dançarinos com traje típico em El Hierro.
O dia oficial da Comunidade Autónoma é o Dia das Ilhas Canárias em 30 de maio. Este é o aniversário da primeira sessão do Parlamento das Ilhas Canárias, com sede em Santa Cruz de Tenerife, em 30 de maio de 1983.
O calendário comum de férias nas Ilhas Canárias é o seguinte:[18]
Além disso, cada uma das ilhas tem suas próprias férias. Estas são as festividades dos santos patronos das ilhas de cada ilha:[21]
As festividades mais famosas e internacionais do arquipélago são o carnaval. O carnaval é comemorado em todas as ilhas e todos os seus municípios, mas os dois mais freqüentados são os das duas capitais das Ilhas Canárias; o Carnaval de Santa Cruz de Tenerife e o Carnaval de Las Palmas de Gran Canaria.

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